Tarô é dom?
“Queria ter esse dom que você tem!”
“Tenho o dom de ler as cartas”
“Deus me deu o dom do tarô”
Primeiramente, vamos entender o que é “dom”.
Dom é uma dádiva ou presente divino, ou seja, é algo inato ao ser humano, algo que não se conquista e sim que já nasce presente, construido e desenvolvido. Também podemos interpreta-lo como aptidão, inclinação e/ou talento que pode ser inato ou desenvolvido.
Quando ligamos a prática do tarô com dom, dentro da visão de algo “divino”, acabamos por vezes, ligando a uma prática que independe de preparo e estudo e adentramos um terreno bem delicado. Ter aptidão a algo, não isenta uma pessoa da necessidade de conhecimento e estudo do assunto ou ferramenta em questão. Ser um cirurgião, por exemplo, pode ser visto como dom ou aptidão, porque não é qualquer pessoa que terá condições de lidar com uma cirurgia. Mas então porquê não vemos cirurgiões sem estudo, operando por aí? Você confiaria sua vida a um profissional que não estudou e não tem preparo? E porquê, quando se trata de tarô a situação tende a ser diferente?
Temos que entender que o tarô não está ligado a dom e muito menos a mediunidade, pelo menos não obrigatoriamente. O tarô é uma arte e estudo como qualquer outro, no qual é exigido muito estudo, preparação, conhecimento e acima de tudo, responsabilidade. Quando ligamos a prática do tarô com dom — e aqui relaciono ao dom que é inerente ao estudo — , é o mesmo que desmerecer todos os anos de estudo, esforço e dedicação que o verdadeiro estudante de tarô teve durante toda a sua jornada, em um simples acaso chamado “dom”. Podem sim haver pessoas que consigam se desenvolver de uma forma mais fluída e rápida que outras, e isso é o que chamo de altidão, mas isso não as coloca em uma posição de melhor ou pior que outras, por terem um “dom” e muito menos as isentam da necessidade de estudo e aprimoramento constante.
Sendo assim, todos possuem a necessidade de estudo. Ninguém nasce sabendo uma língua estrangeira, da mesma forma que ninguém nasce sabendo traduzir símbolos e consequentemente o tarô. É necesário entender o tarô, entender sua linguagem simbólica e saber traduzi-lo. E para isso é necessário estudo, muito estudo.
Se tarô fosse dom, eu diria que é o dom de estudar e de compreender que o tarô exige dedicação e muita responsabilidade. A dedicação consigo mesmo e com a ferramenta que você se propõem a utilizar e a responsabilidade de encarar o tarô com um olhar maduro e não como algo fantasioso que nos coloca a beira da marginalização mística.
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