Destino x Livre Arbítrio
Você já pensou na relação de destino e livre-arbítrio?
O que para você é livre-arbítrio? O que pra você é destino?
Você já teve alguma experiência inevitável que você pensou ser ação do destino em sua vida E quando você teve oportunidade de escolher entre uma opção ou outra, você realmente sentiu ser uma escolha sua ou você sentiu ser guiado pelo destino?
Há tempos estou repensando o que de fato é livre-arbítrio e destino e como eles atuam ou se realmente existem e isso me levou a fazer algumas relações com o tarô que me ajudaram a chegar em alguns pontos.
Atualmente vejo muitos conceitos serem deturpados e utilizados mercadologicamente de uma forma tóxica e aqui coloco o livre-arbítrio. A defesa do livre-arbítrio como um super poder, onde eu tenho total controle da vida e liberdade para agir, criar e fazer tudo aquilo que eu desejo é no mínimo, um pensamento doente.
Quando afirmamos e disseminamos esse tipo de pensamento, ignoramos as limitações que a vida nos impõe, sejam elas materiais, físicas e porque não, espirituais. Esse pensamento exalta o quanto o ser humano se sente superior e ignora a sua pequenez frente ao universo e seus mistérios. O melhor exemplo para isso é pensarmos na atualidade. Se eu tenho livre-arbítrio e a capacidade de fazer o que quero, quando quero, então sou capaz de escolher o que vou comer, onde vou morar, com que carro vou ao trabalho, certo? Errado… Vivemos em um mundo capitalista, onde tudo o que quero fazer é limitado ao capital que tenho para tal. Então se eu tenho tantas limitações, o poder do meu livre-arbítrio realmente existe?
Bom, não sei. Mas é algo que tenho pensado frequentemente e que tem me causado muito desconforto. Essa visão romantizada e superficial de livre-arbítrio tem se tornado elitista e excludente. Porque dá a entender que só quem tem poder – e aqui me refiro ao poder capital – possui livre-arbítrio. Quando penso na parcela da população que é pobre ou que pertence aos grupos de minoria, no qual sofrem opressão e falta de capacidade, muitas vezes, até de se alimentar, só consigo pensar, onde está o livre-arbítrio que tantos vendem por aí?
Mas então o que faz com que a vida aconteça? Destino? Talvez.
Primeiro precisamos pensar o que seria o tal destino. Muitos pensam que destino é um manual com o passo a passo dos acontecimentos da vida, onde tudo está predestinado, cada passo, cada palavra dita, cada escolha realizada. Eu costumo ver o destino como as situações as quais não temos controle ou não podemos modificar. Eu não escolhi os meus pais, a cidade em que nasci, se vai chover. Destino é o propósito da nossa existência, as missões nas quais devemos cumprir ou o que de fato eu preciso vivenciar, mas o caminho que percorro até lá é definido pelo acaso da vida e pelas limitações que nos são impostas.
E pensando no tema a partir das relações com o tarô, me vem à mente dois arcanos que possuem representações diretas com o que eu entendo por livre-arbítrio e destino. O livre-arbítrio ao Arcano 6, Os Enamorados, e o destino ao Arcano 20, O Julgamento.
A carta dos Enamorados reflete o “poder” de escolha, a decisão que se faz necessária para que possamos fazer cumprir as nossas vontades. Olhando para a carta em questão vemos um homem entre duas mulheres e acima um cupido que ofusca a luz solar e aponta a sua flecha para a figura central. O homem ao centro precisa lidar com a escolha entre seguir seu caminho com uma das mulheres. Partindo desse ponto da escolha, podemos pensar em duas perspectivas. A primeira que ele tem suas opções restritas quanto aquilo que está a altura da situação e de suas limitações. Ou seja, ele só pode optar por uma ou por outra, não há um terceiro caminho. Em segundo, temos uma figura de um cupido que ocupa metade da cena e que pode influenciar na decisão que será tomada. Os nossos desejos ou até mesmo as forças da vida e do destino podem influenciar em nossas escolhas. Será que elas são mesmo feitas de forma consciente ou já estavam, de certa forma, em nosso caminho?
Na Carta do Julgamento encontramos uma representação imagética que nos lembra a carta dos Enamorados em alguns aspectos. Ainda temos 3 figuras humanas na base inferior e ocupando grande parte da cena, um anjo tocando uma trombeta – outra figura espiritual, assim como o cupido do arcano 6. A representação do chamado para reformular e colocar as coisas em seus devidos lugares.
“A trombeta significa que o homem sempre consegue ouvir a voz que o chama. […] para fazer com que o homem seja o fruto de nossos atos e suas repercussões inevitáveis.” Marteau (1991).
Referência bibliográfica:
MARTEAU, Paul. O tarô de Marselha: tradição e simbolismo. São Paulo: Objetiva, 1991.
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